Amor de Tempestade
Sabe aquele amor doloroso de ser vivido e difícil de esquecer? Costumo chamá-lo de “amor de tempestade”. Geralmente, ele vem quando não estamos tão bem conosco e, assim como a chuva forte, chega de repente, com o seu vento levanta nossos cabelos e nos arrepia. Esse tipo de amor nos envolve de tal maneira que nos tornamos reféns do medo de perder a pessoa amada, como se ela fosse capaz de curar nossas feridas com as turbulências que parecem criar outra realidade para o casal. Mas a tempestade, em geral, só tende a aumentar.
Um amor de tempestade não cria vínculos porque ele já vem com um peso muito grande dentro dele. Parece que as duas pessoas se encontraram para sofrer juntas, para compartilhar uma paixão muito forte, associada às perdas em jogos de amor. Essa tempestade vem cheia de desordens, não preenche os quesitos de um relacionamento saudável e, enquanto estamos dentro dela, sequer pensamos em aceitar as normalidades de uma relação dita normal.
A diversão do amor de tempestade está em sentir o toque das primeiras gotas da chuva e, em questão de segundos, perceber que você está no meio de um temporal que não passará tão cedo. Afinal, o que alimenta esse tipo de amor são as surpresas que podem ser encontradas no meio do caminho. Esse amor é tão rápido e corrosivo que provoca em nós sentimentos de apego muito fortes, e faz com que fique tênue a diferença entre o que é bom e o que é ruim para nós.
Como você vive o amor?
Há pessoas que por toda sua vida só conseguem vivenciar amores de tempestade porque elas acham que essa é a única forma de amar. Acreditam que para ser amor é preciso se sentir revirado pelo avesso, ter a cabeça a mil e um grande jogo de tensão entre os parceiros. Para essas pessoas, tudo o que é previsível no par acaba deixando-a insatisfeita. Mas, eis que de repente elas começam a fazer cobranças por novidades e exigir da pessoa parceira algo diferente, inovador. Mas, afinal, o verbo amar já não tinha sido conjugado?
O amor de tempestade pode vir acompanhado de muita culpa. A pessoa, acostumada com a tempestade ao tentar se livrar de suas frustrações, culpa aquele que não consegue acompanhar o seu jeito intempestivo de se relacionar. E para ter o outro preso à “tempestade”, joga a autoestima do par no chão. Muitas vezes, há quem esteja entre raios e trovões e queira transformar isso numa relação mais branda, mas o desfecho pode ser o mais previsível de toda tormenta – o fim. Você acredita que quem vive assim consegue ser feliz? Então, para que servem os amores maduros?
A tempestade que ensina
Um amor de tempestade pode estar no caminho do amadurecimento emocional que muitas pessoas procuram, pois através dele descobrimos que não é possível viver tantos rodamoinhos de emoções, que se iniciam e têm fim sem muitas explicações. Nem mesmo é viável tentar não frustrar o outro por simplesmente querer ser você e compartilhar da ternura de um amor tranquilo.
Esse tipo de relação ensina que nosso corpo e mente não conseguem suportar por toda uma vida esse tipo de amor, que age dentro de nós como um vício, como algo do qual nos tornamos dependentes. O entorpecimento que essa tempestade nos causa pode ser muito forte e depende muito do que você escolhe para si como modelo de amor feliz. Afinal, é preciso ter forças para sair das áreas de enchentes.
Artigo publicado em:
Revista Personare: http://www.personare.com.br/quando-o-amor-vira-tempestade-m3271
Personare em Portugal: http://www.personare.xl.pt/quando-o-amor-vira-tempestade-m3271 / http://www.personare.pt/quando-o-amor-vira-tempestade-m3271
Clube Vida Moderna: http://clubevidamoderna.personare.com.br/quando-o-amor-vira-tempestade-m3271